sexta-feira, 10 de junho de 2011

Nota de Lamento

O movimento de ocupação da Viver vem a publico manifestar sua tristeza com o ocorrido ontem no prédio da entidade. O movimento entende a importância que aquele espaço tem para as crianças, somos solidários com o grupo de Escoteiros e a Cia de Circo Artetude que perderam seu material e espaço. O movimento se coloca a disposição das crianças e dos parceiros para contribuir no que for necessário. 
O movimento ressalta também que sua atuação se dá no estado democrático de direitos e repudia qualquer postura violenta. O conflito estabelecido é pela liberdade que deve ser estabelecida de forma justa sem ações  truculentas, o que foi estabelecido pelo movimento até agora. De forma alguma vamos nos calar diante das injustiças desse processo, porém nossa atuação não se deu nem se dará por vias escusas. Tudo dito e defendido pelo grupo é publicado nesse espaço. O grupo já acionou advogados para acompanhar as investigações e se coloca a disposição para qualquer tipo de esclarecimento. 

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Fim da Ocupação

Ontem a noite o movimento pela autonomia da viver (pratica) finalizou a ocupação iniciada em 23 de maio. O movimento reivindica a participação da comunidade na construção dos projetos da entidade visando construir uma proposta de trabalho coletiva e horizontal. Diante da posição da SEDEST de voltar atrás da decisão tomada no último dia 30 de não financiar mais os projetos da Associação Viver, tendo em vista a compreensão de que a comunidade queria uma maior participação e a diretoria da entidade não dava essa abertura. Porém houve uma reversão da decisão que fez a SEDEST apresentar a proposta que o grupo ocupasse um outro espaço da Associação Viver, que atualmente é desenvolvido o projeto geração de renda corte e costura. O movimento entende que a Associação deveria respeitar esse projeto e não negociar com seu funcionamento sem que as participantes tivessem conhecimento. Além do mais as familias das crianças atendidas consideraram essa proposta imoral pela falta de condição do espaço. Diante disso o posicionamento do grupo foi de acatar a decisão do Governo de finalizar o projeto politico pedagógico que vinha sendo construido naquele espaço e financiar um novo projeto regido pela Associação Viver e sua Igreja mantenedora que tem como principio a construção da politica pública de forma privada, fechada e hierarquizada por natureza institucional preservada nesse processo. Prevaleceu a lógica patrimonialista. Em breve mais relatos da situação e os novos encaminhamentos a serem dados pelo movimento.

Nos Barracos da Cidade
Gilberto Gil e Liminha

Nos Barracos da Cidade 
Ninguém mais tem ilusão 
No poder da autoridade 
De tomar a decisão 
E o poder da autoridade 
Se pode não faz questão 
Se faz questão não consegue 
Enfrentar o tubarão
Ôuôôôô-ôô 
Gente estúpida! 
Ôuôôôô-ôô 
Gente hipócrita!
O governador promete
Mas o sistema diz não. 
Os lucros são muito grandes 
Mas ninguém quer abrir mão 
Mesmo uma pequena parte 
Já seria a solução 
Mas a usura dessa gente 
Já virou um aleijão

sábado, 4 de junho de 2011

Nota Pública dos Movimentos Apoiadores da Autonomia da Viver na Estrutural



Nos últimos dias temos acompanhado a luta do grupo formado por pais, crianças, adolescentes, funcionários e parceiros que vêm desenvolvendo um trabalho de empoderamento e autonomia do projeto da Viver na Cidade Estrutural. Conforme defende a nova Diretoria da entidade, o projeto da Associação Viver começou na Estrutural há mais ou menos 17 anos atrás com um casal de missionários que fazia um trabalho de caráter evangelístico. Entretanto, nos últimos anos começou a ser construída uma proposta participativa e inclusiva da comunidade da Estrutural diretamente envolvida nos projetos da entidade, como pais, funcionários e parceiros que propunham a construção de um Planejamento Estratégico para a entidade bem como a revisão do seu Estatuto Social, que dava plenos poderes ao Conselho da Igreja para tomar as decisões centrais da entidade. Em resposta a essas reivindicações o Conselho da igreja demitiu toda equipe técnica da entidade, que formavam uma coordenação colegiada, de forma autoritária, repressiva e sem consultar os demais funcionários e a comunidade atendida. Em reação a esse posicionamento o grupo de parceiros da UnB, funcionários, ex-funcionários e voluntários dos trabalhos da Viver decidiram ocupar a coordenação da entidade até que a Sedest viesse mediar o conflito e dar encaminhamento à questão. Após algumas tentativas de negociação e escutas às famílias, no início desta semana a Secretaria comunicou formalmente que a Associação Viver deveria deixar o espaço e as atividades desenvolvidas a cargo do grupo ali organizado.
Diante disso, os movimentos e coletivos abaixo representados vêem manifestar completo apoio ao processo de construção coletiva, horizontal e participativa do projeto que vinha sendo desenvolvido na Viver, sobretudo, no sentido de fortalecer a participação da comunidade nos processos de tomada de decisão, caminhando cada vez mais para sua autonomia. Defendemos a decisão de tornar a Viver cada vez mais um espaço de luta e organização dos moradores da Estrutural, feito por eles e a seu serviço. E, para além disso, também nos comprometendo com a construção e fortalecimento da proposta político pedagógica que ali deve ser elaborada.    




Segunda Promotoria de Justiça Cível e de Defesa dos Direitos Individuais, Difusos e Coletivos da Infância e da Juventude do Distrito Federal (MPDFT)
Diretório Central dos Estudantes - DCE/UNB
Prefeitura Regional Comunitária da Estrutural
Assembléia Popular do DF
Fórum de Monitoramento Social da Estrutural
Projeto de Extensão de Ação Continua Bicicleta Livre
Núcleo de Estudos da Infância e Juventude - NEIJ/CEAM/UNB
Violes - SER/UNB
Centro Acadêmico de Ciência Politica
PET/EDU/UNB
Coletivo Roda Moinho 
Rede de Entidades do Paranoá/Itapoã
Rede de Entidades de São Sebastião
Coletivo Hip Hop da Ceilândia
Cooperativa Sonho de Liberdade
Cooperativa de Circo Artude
Coletivo Intervozes
Radio Utopia FM
Movimento Passe Livre - MPL
Brasil & Desenvolvimento - B&D
Movimento dos Trabalhadores Sem Teto Nacional - MTST- Nacional
Convergencia de Grupos Autonomos - CGA

segunda-feira, 30 de maio de 2011

8 Dias de Ocupação da Viver

 

Desde a última segunda feira um grupo de pessoas se reveza na image ocupação da Associação Viver na cidade Estrutural. Esse grupo faz a frente da mobilização realizada entre mães, pais, voluntários, ex-funcionários, parceiros e moradores da Estrutural que resistem a mudanças realizadas no trabalho tomadas de forma unilateral, em detrimento da dinâmica participativa construída nos últimos anos. Esse grupo luta por uma gestão horizontal e participativa nos projetos desenvolvidos, de forma que todos construam coletivamente a transformação daquela realidade onde todos são parte e protagonistas da historia construída até aqui.

Os projetos desenvolvidos na cidade Estrutural foram mobilizados e viabilizados pela Associação Viver, que de forma competente e dedicada executou diversas ações em prol da comunidade. Acontece que nos últimos meses a entidade mantenedora da Viver resolveu tomar algumas decisões que afetaram diretamente os trabalhos e essas ações mobilizaram a comunidade, mães, pais, educadores, parceiros e voluntários para entender o que estava acontecendo na condução do projeto. Essa situação de certa forma estabeleceu um conflito entre a comunidade que optou pela continuidade das ações como vinham sendo tomadas e o posicionamento da nova diretoria de realizar mudanças conforme um novo direcionamento institucional que haveria de ser dado a entidade.

Esse conflito se acirrou quando a Diretoria resolveu na última segunda feira demitir toda equipe técnica, que formava uma coordenação colegiada, até então responsável pela condução do atendimento realizado. Com essa intensificação de conflito as partes polarizaram ainda mais seus posicionamentos, de um lado a Viver buscando fortalecer sua estrutura institucional de poder de deliberação sobre os projetos e de outro um grupo da comunidade lutando por participação na construção do projeto. Nesse processo aconteceram reuniões comunitárias convocadas tanto pelo grupo de resistência quanto pelo grupo da Associação e no processo buscou-se a mediação da Sedest e da Unb, através do Decanato de Extensão. Essa mediação se deu em três reuniões que aconteceram com representações da Viver, do Grupo de ocupação, da SEDEST e da UNB. Na primeira reunião tivemos a apresentação de uma proposta pelo grupo de ocupação e na segunda veio a resposta da Associação Viver com outras propostas que deveriam ser avaliadas pelo grupo de ocupação. No terceiro e último momento o grupo da Associação chegou a conclusão que não era possível acatar as reivindicações do grupo e que não havia interesse institucional de se submeter as mudanças que afetavam diretamente o processo de construção política da entidade.

Diante do impasse caberá a SEDEST tomar fazer uma intermediação com as partes e tomar a decisão sob qual conjunto de diretrizes as ações desenvolvidas na Estrutural no escopo socioassistencial será desenvolvida.

Durante a ocupação as atividades continuaram sendo desenvolvidas com o reforço de uma equipe de voluntários mobilizados entre os projetos de Extensão da Unb na Estutural, pelo Diretório Central dos Estudantes da Unb, voluntários, parceiros e entre as famílias dos atendidos. Já são seis dias de atendimento direto por parte dessa equipe que hoje teve o reforço do programa educativo do DETRAN, que está na entidade desenvolvendo oficinas sobre educação no transito e o SESC através do programa de educação para higiene bucal. Na semana passada além das oficinas os educandos contaram com uma apresentação de teatro realizada pela Cia Teatro de Acuçar.

Atualmente o grupo espera um posicionamento da SEDEST para definir qual será o futuro da manifestação. Enquanto isso estão sendo mobilizados voluntários para fortalecer as oficinas e parceiros e doadores que queriam doar alimentos, roupas e material pedagógico para o desenvolvimento das atividades. O grupo já fez uma programação de atividades para essa semana e conta com mais apoios para desenvolver ainda mais as ações de educação com a perspectiva de uma autonomia comunitária e transformadora na cidade Estrutural.

image image Higiene Bucal

image Educação para o Transito

imageEducação para o Transito

image Apresentação de Teatro

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Reunião com as familias sobre a ocupação e o posicionamento da comunidade

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Funcionamento das Atividades

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Limpeza das salas

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Construção da Nova Proposta

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Trabalho de Organização

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Propostas da Comunidade da cidade Estrutural a Nova Diretoria da Viver

Tendo em vista as ultimas decisões do Conselho da Igreja e da nova Diretoria da entidade a comunidade atendida e participante das ações apresenta sua proposta de atuação da entidade junto a comunidade nesse novo momento.

Criação de um rol de associados da entidade com a inclusão automática dos pais das crianças atendidas tendo em vista que não existe um rol de sócios da entidade e que este precisa ser estabelecido de forma que participem as pessoas ligadas diretamente ao atendimento realizado;

• Realização das Assembléias da entidade na comunidade com freqüência semestral
para acompanhamento e avaliação do processo de tomada de decisões relativas ao
atendimento realizado na Estrutural;
• Recomposição da Diretoria com duas pessoas da comunidade tendo em vista que o processo realizado descumpriu o Estatuto da entidade pois contou com a presençade apenas duas pessoas e foram eleitos 4 diretores além de 3 representantes do Conselho Fiscal sendo que o Estatuto prevê que a eleição deve ocorrer com pelo menos 2/3 do Conselho Diretor e de acordo com o Art. 26 a Assembléia de eleição
precisa ser chamada com antecedência mínima de 10 dias e com pauta divulgada no ato da convocação. No caso da eleição da última Diretoria, essa Assembléia foi convocada no boletim dominical da Igreja (cópia em anexo), que é um documento restrito a este público, apenas um dia antes da eleição. Além disso o fato da pauta não ter sido divulgada no documento de convocação inviabiliza toda a existência de uma
eleição, pois, de acordo com Art. 26, parágrafo 3° do Estatuto, “somente o assunto
constante na pauta de discussões constante do ato convocatório pode ser apreciado
em Assembléia Geral”.
• Revisão do Estatuto da entidade conforme entendimento tirado na reunião do dia 8 de
maio na Igreja com representantes da comunidade, do Conselho da Igreja e membros
da nova Diretoria que seria criado um Conselho Comunitário de caráter deliberativo
sobre ques tões de mudanças na equipe, avaliação das atividades, proposta político
pedagógica e realização/continuidade das parcerias com representantes dos pais, dos
funcionários, dos voluntários e das parcerias.
Revisão do Estatuto para inclusão de um Conselho Consultivo de crianças e
adolescentes tendo em vista ser essa uma importante política de participação e
protagonismo de crianças e adolescentes a exemplo das conferências do CONANDA.
• Retratação pública e por escrito das acusações de roubo e desvio feita por parte do
Conselho da Igreja e da nova Diretoria na reunião com a Igreja no dia 8 de maio e
nas reuniões com a equipe de funcionários de forma irresponsável e leviana sendo
que todas as contas da gestão anterior até o ano de 2010 foram aprovadas em atas
registradas em cartório, pelo Conselho Fiscal e pela Diretoria da entidade.
• Recontratação da equipe técnica da Viver que foi demitida de forma arbitraria,
uma vez que a Diretoria havia se comprometido a não retalhar os participantes das
reuniões ligadas as discussões suscitadas na reunião do dia 8 de maio. A alegação da
Diretoria para as demissões foi a realização de reuniões sem autorização sendo que
foi feito esse encaminhamento da reunião e os funcionários possuem o direito de se manifestar.
Garantia de continuidade na participação da entidade nos Fóruns PETI, DCA e OCA
ligados a infância e Fórum de Monitoramento Social da Estrutural, Projeto Ponto de
Memória da Estrutural e reuniões comunitárias ligadas a saúde, segurança, infra-
estrutura, orçamento participativo e outros a que for convidada e houver afinidade
de interesse. A nova diretoria apresentou em reunião a falta de disponibilidade para
participar das reuniões mas a comunidade entende que essa atuação é fundamental
para a construção das ações da Viver e para uma atuação em Rede, sendo que o
próprio convênio com a SEDEST foi fruto de uma articulação do Fórum PETI.
Manutenção e fortalecimento da estrutura da Coordenação colegiada, visando uma
construção descentralizada, participativa e horizontal nos processos de atendimento
previstos no Plano de Trabalho.
Criação do regulamento geral da entidade com ampla participação da comunidade e
dos funcionários através dos instrumentos previstos nessa proposta de Conselhos e
Assembléias conforme previstos nos Art. 13, 14 e 15 do Estatuto.
Revisão do Estatuto de acordo com o novo código civil dando a Assembléia Geral os
plenos poderes de decisão sobre eleição e alteração no Estatuto.
Manutenção e fortalecimento do Grupo Produtivo de Corte e Costura na proposta da
economia solidária e da construção comunitária de atuação em rede construída até
agora.
Retratação das afirmações quanto feitas em carta do Conselho da Igreja quanto a
Universidade de Brasília, os estudantes e a comunidade. No documento entregue pelo
Conselho da Igreja na reunião do dia 8 de maio foram feitas afirmações desrespeitosas
quanto a lisura da Universidade, quanto a seriedade dos estudantes e quanto a
capacidade da comunidade da cidade Estrutural com afirmações pejorativas fora as
colocações feitas verbalmente pela nova diretoria nas reuniões. Afirmações de uma
lógica religiosa que ferem os princípios de parceria estabelecidos com a Universidade
e com os princípios da Lei Orgânica da Assistência Social que preconiza que Art. 4° A
Assistência Social rege-se pelos seguintes princípios: Inciso III respeito à dignidade
do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a benefícios e serviços de qualidade,
bem como à convivência familiar e comunitária, vedando-se qualquer comprovação
vexatória de necessidade.
Todas essas proposições foram apresentadas a nova diretoria em reuniões realizadas nos
últimos dias, porém não foram dadas a atenção devida a essas solicitações e por conta disso
o dialogo, a confiança e a credibilidade foram rompidos no processo de construção realizado
entre o Conselho da Igreja e a nova Diretoria com a comunidade que se deu até o momento
das demissões feitas pela Diretoria causando uma ruptura. Diante dessa situação a proposta
do grupo que vem se reunindo é que sejam acatadas todas as propostas que foram levantadas.
E que no caso de um decisão pela renovação do Convênio Público tal renovação seja feita
diante de uma condicionalidade de cumprimento dos itens acima apresentados sendo que
a real vontade da comunidade da Estrutural é que o atendimento fosse realizado por outra
entidade que pactuasse as propostas acima estabelecidas porém o grupo de dispõe ao
dialogo novamente mas espera a boa vontade da Diretoria da entidade em cumprir com os
compromissos realizados nesse documento.

Primeiras duas reuniões com mães sobre ocupação da Viver




quarta-feira, 25 de maio de 2011

Reunião com os pais




Ontém aconteceu a reunião com os pais aqui na Viver. Ficamos surpesos quando Misael apareceu com  20 membros da Igreja do Cruzeiro, e três carros de polícia, para se proteger da própria comunidade. Mas os bons são maioria, e mais de cem mães, crianças, pais e moradores da Estrutural revindicaram seus direitos contra o autoritarismo do ´patrão´. A proposta da comunidade, uma reunião na Sedest com toda a comunidade, foi aprovada por maioria avassaladora.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Fotos da ocupação

Esse movimento é da Estrural pela Estrutural!
Pessoas que passaram quatro meses trabalhando sem receber salário se recusam a se submeter ao Patrao. Recusam-se a serem demitidas e os funcionários e funcionárias decidiram tomar conta do espaço em um regime de gestão coletiva. Ao invés de serem alienadas do seu trabalho, optaram por demitir o Patrão.












Histórico dos Problemas Enfrentados

A Viver, entidade beneficente atuante na cidade Estrutural há 12 anos, foi fundada por membros da Igreja Presbiteriana do Cruzeiro, responsáveis pela organização legal da mesma bem como de sua estrutura administrativa. Essa estrutura está descrita em seu estatuto, que basicamente confere a alguns membros dessa comunidade eclesiástica que compõem um conselho fiscal, plenos poderes para qualquer decisão envolvendo a referida entidade, porém nenhum dos membros que compunham esse conselho eram atuantes na comunidade ou trabalhavam diretamente com esse atendimento.
A partir do ano de 2008, com a indicação de novos membros para esse conselho, a disposição de alguns desses em estar mais presentes e mais atuantes na comunidade fez com que um novo modelo de gestão se constituísse, fundamentado na importância da participação de seus colaboradores para a construção coletiva. Por estarem envolvidos diretamente com o trabalho e serem membros da comunidade e ainda por sua relação direta com o público atendido, foi possível uma construção que resultou em decisões mais assertivas e mais atentas às demandas que surgiam no decorrer desse processo. Essa nova dinâmica de gestão influenciou diretamente na participação das famílias atendidas e da comunidade em geral, que passou a ter maior acesso à associação e entendê-la como um espaço democrático para manifestação da diversidade de seus atores
Até o ano de 2008 a entidade vinha mantendo seu atendimento contando com recursos financeiros que vinham diretamente da Igreja Presbiteriana do Cruzeiro por meio de doações dos membros congregantes e atendia 100 crianças no turno contrário ao turno escolar. A partir de 2002/2003 a entidade deu entrada nos trâmites legais para obtenção do convênio com a Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda- SEDEST, que foi celebrado cinco anos depois, no ano de 2008. Com a celebração do convênio, a entidade passou a atender 200 crianças e adolescentes e pode ampliar seu quadro de funcionários, de cinco, até 2007 para 12 em 2008. No ano seguinte, em função da grande demanda de crianças e adolescentes em uma fila de espera, a Viver renovou seu convênio e passou a atender 400 crianças e adolescentes e ampliou mais uma vez seu quadro de funcionários, de 12 para 36. Contando com o repasse de verba feito pela secretaria, a Viver ganhou maior independência financeira da comunidade eclesiástica, que não poderia arcar com a receita despendiada para tal atendimento.
Também a partir de 2008, foram possíveis novas parcerias que fortaleceram ainda mais o trabalho na comunidade e também a atuação em movimentos sociais ligados à luta pela garantia de direitos da comunidade.
No decorrer desse processo de transformação, a maior parte dos membros do Conselho Diretor definido pela Igreja Presbiteriana do Cruzeiro não esteve diretamente envolvido com essa dinâmica, apresentando inclusive uma resistência à diversas propostas trazidas por aqueles membros que estavam envolvidos diretamente com a execução desse atendimento e que percebia cada vez mais a necessidade de se rever o estatuto vigente até então, reformulando-o numa perspectiva em que os membros da comunidade e os funcionários que atuavam na entidade participassem de toda e qualquer decisão relevante para a continuidade do trabalho.
Essas diferentes visões sobre o modelo de gestão adequado acabaram gerando um campo de tensões, marcado por uma maioria de membros do Conselho Diretor e obviamente ligados ao meio eclesiástico e que acreditavam que o mesmo deveria continuar a gestão que vinha se desenvolvendo desde a fundação da entidade. Por  outro lado, se formou um grupo, que estava baseado nas experiências diretas com a comunidade e na visão que se construiu com membros participantes do processo de que o modelo experimentado valoriza o coletivo e dá aos membros desse grupo pesos iguais nos processos de decisão.
Esse impasse dentro do conselho chegou à conseqüências extremas na segunda-feira,25 de abril de 2011, quando numa reunião comunicada na manhã do mesmo dia, os membros do conselho se organizaram sem nenhuma consulta prévia ao coletivo que atua na Associação Viver e retiraram o presidente do seu cargo, sem nenhuma justificativa plausível e respaldados por um estatuto obsoleto, completamente alheio à realidade atual da entidade e da comunidade onde ela está inserida e apenas preocupado em garantir que a igreja, a despeito de qualquer avanço ou transformação conquistada pela força da construção coletiva, continue sendo a dona dessa entidade, como demonstrou nessa atitude.
Na terça-feria o novo presidente acompanhado do novo diretor administrativo, compareceram à entidade para comunicar essa decisão e encontraram um grande descontentamento por parte da equipe e sem dar nenhuma explicação clara do porque da decisão, apenas informaram que a mudança do cargo da presidência em nada tinha a ver com  o trabalho desenvolvido pelo presidente anterior e sim com questões internas relacionadas ao meio eclesiástico. Quando questionado sobre o motivo de não ter consultado a equipe, tentou legitimar a ação por meio do estatuto. Diante de tal atitude intransigente, o coletivo que vem construindo o trabalho diariamente deixa clara a sua insatisfação e indignação e por conta disso resolveu aprofundar o conhecimento do Estatuto e da lógica seguida pela Igreja.
Nessa analise descobrimos que o Estatuto da entidade apresenta graves irregularidades no processo de participação da sociedade e na tomada de decisões pois delega poderes excessivos a Igreja Presbiteriana do Brasil no Cruzeiro deixando toda lógica de funcionamento da entidade a serviço dos interesses eclesiásticos da Igreja ferindo o código civil que prevê que essas organizações tenham uma maior participação pela constituição de uma Assembléia de sócios. Além disso os interesses religiosos da entidade ficam claramente percebido na carta do Conselho ao ex-presidente.